A terapia eletroconvulsiva (ECT) tem sido utilizada há anos para o tratamento de casos graves de depressão e psicose, com respaldo de evidências científicas que suportam sua segurança e eficácia, ao contrário do que muita gente pensa e do estigma que essa terapia tem.
Nos últimos 15 anos, novos tratamentos, como a estimulação do nervo vago, estimulação magnética transcraniana e administração intranasal de esquetamina, foram aprovados para o tratamento da depressão severa.
Apesar da realização de diversos estudos clínicos sobre esses novos tratamentos, nenhum deles foi considerado um equivalente a altura da ECT a ponto de poder substituí-la no tratamento dos casos severos de depressão.
Quando um paciente com quadro grave de depressão ou psicose não recebe o tratamento adequado, as taxas de suicídio e hospitalização são extremamente elevadas, além de uma pronunciada redução da produtividade e qualidade de vida. Diversos estudos comprovaram que a ECT consegue reduzir os riscos de suicídios e taxas de re-hospitalização e melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
Em grupos específicos, a ECT consegue melhorar o quadro depressivo e psicótico rapidamente, além de diminuir os sintomas de catatonia e a ideação suicida.
O estigma e a falta de conhecimento restringiram o uso e a aceitação da ECT. Atualmente, a prática da ECT consiste na indução de uma anestesia geral breve (inferior a 10 min), acompanhada do uso de relaxantes musculares e monitoramento constante da saturação de oxigênio, pressão arterial, frequência e ritmo cardíaco.
O procedimento consiste na aplicação de uma descarga elétrica através de eletrodos no couro cabeludo do paciente, o que resulta em uma convulsão generalizada, com duração média de 20-60 segundos. A maioria dos pacientes fazem de 6 a 12 sessões, espaçadas por um período de 2 a 4 semanas.
Desde 2018 o FDA reduziu o critério de risco para a ECT. Antes a terapia era classificada como de alto risco, e hoje é considerada como um risco moderado que necessita de controle especial, e é indicada para o tratamento da depressão uni ou bipolar grave e episódios de catatonia em pacientes a partir dos 13 anos de idade, que sejam resistentes à terapia farmacológica ou que necessitem de uma resposta rápida devido à severidade da condição neuropsiquiátrica.
Infelizmente, o sensacionalismo em cima da terapia, a falta de conhecimento dos médicos e da população sobre as novas técnicas de ECT, medo dos efeitos adversos contribuem para a criação de barreiras e preconceitos em relação à prática. Há anos existem campanhas contrárias ao uso da ECT, e a Internet contribui para a disseminação de informações incorretas e sensacionalistas sobre o procedimento.
A ECT é uma ferramenta valiosa para o tratamento de doenças psiquiátricas graves, principalmente quando há a necessidade de uma resposta rápida ou quando outras opções terapêuticas já falharam. As técnicas atuais estão mais refinadas e conseguiram reduzir consideravelmente os efeitos colaterais.
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