Síndrome de burnout e o canabidiol

Síndrome de burnout e o canabidiol

25 de março de 2021

Síndrome de burnout

A síndrome de burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho do indivíduo. E em tempos de COVID-19, nunca se viu tantos casos dessa síndrome.
Inúmeros afastamentos do trabalho, pedidos de desligamento do trabalho... realmente a sensação de esgotamento, a sensação de que todas as suas capacidades físicas e mentais são sugadas pelo excesso de trabalho.
A síndrome de burnout é resultado do acúmulo excessivo de estresse, de tensão emocional e de trabalho, e é bastante comum em profissionais que trabalham sob constante pressão.

Quais são os sintomas da síndrome de burnout?

  • cansaço físico e mental excessivos;
  • insônia;
  • dificuldade de concentração;
  • perda de apetite;
  • irritabilidade e agressividade;
  • lapsos de memória;
  • baixa autoestima;
  • desânimo e apatia;
  • dores de cabeça e no corpo;
  • negatividade constante;
  • sentimentos de derrota, fracasso e de insegurança;
  • isolamento social;
  • pressão alta;
  • tristeza excessiva.

Como é o tratamento da síndrome de burnout?

O tratamento consiste de acompanhamento com um médico psiquiatra, através de medicamentos, e a síndrome de burnout requer que o paciente faça terapia constante.
E foi justamente pensando em possíveis estratégias terapêuticas que um grupo de pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) conduziu um estudo com profissionais da linha de frente no combate à pandemia da COVID-19, para avaliar o efeito do tratamento com canabidiol (CBD) na síndrome de burnout desses profissionais. Esse ensaio clínico contou com 120 voluntários divididos em dois grupos iguais: grupo A recebeu 300 mL/dia do medicamento, grupo B não recebeu tratamento. Porém, os dois grupos passaram pelo tratamento padrão para síndrome de burnout com apoio psiquiátrico e exercícios físicos de baixo impacto.

O que é o canabidiol?

O canabidiol, também conhecido por CBD, é um fitocanabinoide extraído da maconha na forma de um óleo. Diferente do tetrahidrocanabinol (THC), o CBD não possui efeito psicoativo, ou seja, não provoca o típico "barato" da maconha. O CBD vem sendo estudado para o tratamento de diversas doenças, com resultados bastante promissores (isso é assunto para um outro texto!!!).
Voltando ao estudo, o tratamento com o CBD reduziu sintomas da fadiga emocional em 25% dos voluntários do estudo, depressão em 50% deles e a ansiedade em 60% dos envolvidos. Apesar desse resultado bastante promissor, os pesquisadores relataram que cinco pacientes manifestaram efeitos colaterais pelo uso da substância. Os casos foram manejados, e em três deles o problema foi controlado. Em dois pacientes os médicos optaram por descontinuar o tratamento com o CBD (um voluntário teve problemas hepáticos e outro apresentou reações fortes na pele).
Neste estudo, o tratamento com o CBD melhorou os sintomas de burnout e de exaustão emocional entre os profissionais da saúde. Porém, é necessário sempre considerar os benefícios da terapia com o CBD e seus potenciais efeitos colaterais. Mais estudos ainda são necessários, para atestar com mais precisão todos os benefícios do medicamento.
Esse estudo, contudo, apresenta um viés, porque não foi um estudo duplo-cego, como é o ideal. Não houve um grupo placebo, então tanto pesquisadores quanto pacientes sabiam quem estava recebendo o CBD e quem não estava. Esse viés ocorreu porque devido à situação em que o estudo foi conduzido, em meio a primeira onda da pandemia no Brasil, ficava inviável colocar em prática essa metodologia em meio ao caos e rotina atribulada de uma unidade de UTI COVID-19.
Por isso, os cientistas afirmam que testes futuros com essa abordagem metodológica duplo-cega são necessários, a fim de avaliar se essas conclusões podem ser aplicadas a uma escala mais ampla e variada de pacientes.

Marissa G. Schamne
Marissa G. Schamne
PhD | Cientista

Pesquisadora e professora universitária, farmacêutica por formação. Despertou o interesse pela pesquisa durante a faculdade na Iniciação Científica, que obviamente foi na área da neuropsicofarmacologia. Concluída a graduação, segue o caminho da carreira acadêmica e pesquisa até a co-fundação do Rigor Científico – onde encontrou uma maneira de expressar todo seu amor pela Ciência, e vislumbra a possibilidade de levar essas informações ao maior número possível de pessoas. Era uma pessoa tímida que conforme foi se inserindo no meio acadêmico encontrou uma forma de libertar-se dessa timidez, e agora matraqueia sem parar. Apaixonada pela natureza, esportes ao ar livre e a sensação de liberdade que isso traz. Gosta de viajar pelo mundo, seja através dos livros que lê ou das viagens que faz. Almeja alçar vôos mais altos divulgando ciência por aí.

Comentários

Nenhum comentário encontrado