Reinfecção por SARS-CoV-2

Reinfecção por SARS-CoV-2

26 de março de 2021

Reinfecção e memória imunológica

Como senso comum, espera-se que a exposição a um patógeno estimule a produção de anticorpos reagentes à ele para que a infecção cesse. Espera-se também que, caso ocorra nova infecção pelo mesmo agente, nosso organismo já esteja preparado e reaja mais rapidamente, por conta da chamada memória imunológica, fazendo com que os sintomas e o quadro geral da doença sejam mais brandos ou nulo. Porém, nem sempre esse é o caso. A resposta imunológica a qualquer antígeno é muito mais complexa do que imagina-se, contendo diversos elementos influenciadores.

Reinfecção por SARS-CoV-2

Só é possível entender melhor sobre a resposta imunológica específica após obterem-se dados clínicos, especialmente quando se trata de imunização a longo prazo. Portanto, é natural que hajam dúvidas sobre uma possível reinfecção por SARS-CoV-2 e suas consequências. Até então, esperava-se que seguisse o caminho comum e que as pessoas que já se infectaram estivessem protegidas, com seus anticorpos a postos. Aparentemente, não é esse o caso.
Pesquisadores que acompanham de perto e estudam a resposta imunológica específica a este vírus estão atentos a todos os casos de reinfecção para que se possam obter mais detalhes e, então, conclusões bem fundamentadas. Um dos primeiros relatos de reinfecção confirmada aconteceu em Hong Kong, por um homem diagnosticado duas vezes com um intervalo de tempo de meses entre os episódios. A segunda infecção foi branda, praticamente assintomática, o que fez parecer que o sistema imune do paciente lembrou-se do vírus e o combateu com eficácia - o melhor cenário possível. Entretanto, novos relatos foram surgindo. Um caso de reinfecção, em Nevada nos Estados Unidos, foi reportado e dessa vez acompanhado de sintomas severos. Ou seja, o sistema imunológico deste paciente não lembrou-se do vírus e o quadro clínico foi ainda mais intenso - o pior cenário possível. E agora, como saber se a reinfecção é comum, ou é perigosa, ou é branda? Seriam estes realmente casos de reinfecção ou uma infecção prolongada? Só o tempo e a análise de novos casos nos darão estas e outras respostas. 
Referência consultada: Nature 585, 168-169 (2020) doi: https://doi.org/10.1038/d41586-020-02506-y

Marissa G. Schamne
Marissa G. Schamne
PhD | Cientista

Pesquisadora e professora universitária, farmacêutica por formação. Despertou o interesse pela pesquisa durante a faculdade na Iniciação Científica, que obviamente foi na área da neuropsicofarmacologia. Concluída a graduação, segue o caminho da carreira acadêmica e pesquisa até a co-fundação do Rigor Científico – onde encontrou uma maneira de expressar todo seu amor pela Ciência, e vislumbra a possibilidade de levar essas informações ao maior número possível de pessoas. Era uma pessoa tímida que conforme foi se inserindo no meio acadêmico encontrou uma forma de libertar-se dessa timidez, e agora matraqueia sem parar. Apaixonada pela natureza, esportes ao ar livre e a sensação de liberdade que isso traz. Gosta de viajar pelo mundo, seja através dos livros que lê ou das viagens que faz. Almeja alçar vôos mais altos divulgando ciência por aí.

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