Desafios enfrentados por meninas e mulheres com TDAH

Desafios enfrentados por meninas e mulheres com TDAH

31 de julho de 2023

TDAH em mulheres

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta pessoas de todos os sexos, mas muitas vezes é subdiagnosticado ou negligenciado em meninas e mulheres. 

Historicamente, o TDAH foi associado principalmente ao sexo masculino, gerando uma lacuna de conhecimento sobre sua prevalência e manifestação no sexo feminino. Neste artigo, exploraremos os desafios enfrentados por meninas e mulheres com TDAH, com o objetivo de promover maior conhecimento e compreensão sobre suas experiências.

Sintomas internalizados e “mascaramento” dos sintomas

Meninas e mulheres com TDAH geralmente apresentam padrões de sintomas diferentes dos apresentados pelo sexo masculino. Enquanto os meninos com TDAH tendem a exibir sintomas externalizados, como hiperatividade e comportamento disruptivo, as meninas frequentemente apresentam sintomas internalizados, como “sonhar acordado”, esquecimento ou dificuldade de concentração. Esse "mascaramento" dos sintomas pode dificultar o reconhecimento do TDAH nas meninas e mulheres, fazendo com que suas dificuldades passem despercebidas.

Desafios sociais e emocionais

O TDAH pode afetar emocionalmente as meninas e mulheres. Elas podem apresentar:

·         Dificuldades na formação e manutenção de amizades;

·         Mudanças intensas de humor;

·         Sensibilidade emocional aumentada ;

·         Dificuldade em regular suas emoções;

·         Aumento no risco de desenvolver transtornos alimentares, problemas de autoestima e comportamentos autodestrutivos. 

Lidar com essas flutuações emocionais pode ser desgastante e afetar a sua autoestima. A detecção precoce e o suporte são cruciais para ajudá-las nos seus desafios emocionais. 

Implicações acadêmicas e profissionais

O TDAH não diagnosticado ou não tratado pode ter efeitos profundos na vida acadêmica e profissional das mulheres. A falta de atenção, dificuldades de organização e impulsividade podem prejudicar seu progresso acadêmico e gerar sentimento de frustração e inadequação. Além disso, a transição para o ensino superior ou para o ambiente de trabalho pode agravar os desafios, à medida que as demandas por organização independente e gerenciamento do tempo aumentam. Reconhecer e atender às necessidades específicas das meninas e mulheres com TDAH pode melhorar significativamente o seu desempenho acadêmico e profissional.

Disparidades de diagnóstico e estigma

As mulheres com TDAH geralmente enfrentam barreiras na obtenção de um diagnóstico. Devido ao equívoco de que o TDAH afeta predominantemente indivíduos do sexo masculino, seus sintomas podem ser desconsiderados ou atribuídos a outras causas. Superar esse estigma é essencial para garantir diagnóstico, tratamento e apoio adequados. 

Além disso, o estigma social em torno da saúde mental e do TDAH pode contribuir ainda mais para os desafios enfrentados pelas mulheres, dificultando o seu acesso ao tratamento e perpetuando um ciclo de mal-entendidos.

Conhecimento e suporte

Compreender os desafios enfrentados por meninas e mulheres com TDAH é crucial para criar um ambiente inclusivo e saudável. Isto pode ser alcançado:

·         Promovendo o conhecimento e educação sobre os desafios únicos enfrentados por meninas e mulheres com TDAH;

·         Desafiando os estereótipos e preconceitos de gênero que impedem a identificação e o apoio adequados;

·         Garantindo ferramentas de avaliação adequadas e acessíveis às mulheres para um diagnóstico preciso;

·         Fornecendo intervenções personalizadas para atender às necessidades específicas das meninas e mulheres com TDAH;

·         Incentivando o diálogo aberto sobre o TDAH e a saúde mental.​​​​​

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento complexo que afeta as meninas e mulheres de maneira única. Ao reconhecer e compreender os diferentes desafios enfrentados por meninas e mulheres com TDAH, podemos contribuir na busca de um diagnóstico oportuno, acesso ao tratamento adequado e a suporte para prosperar. A empatia e o conhecimento são cruciais na criação de uma sociedade mais inclusiva que valide as experiências das mulheres com TDAH e forneça a elas as ferramentas e o apoio necessários para atingir todo o seu potencial.

Angela Patricia França
Angela Patricia França

Neurocientista, pesquisadora, escritora médica e científica, e mãe. Sou apaixonada por aprender e compartilhar conhecimento. Acredito na ciência e na comunicação científica como forma de melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas.

Neuroscientist, researcher, medical and scientific writer, and mother. I am passionate about learning and sharing knowledge. I believe in science and scientific communication as a way to improve people's health and well-being.

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