Alguns casos de COVID-19 são caracterizados por sintomas neurológicos e sensoriais duradouros, persistindo por meses após a fase sintomática da doença. É possível que essa durabilidade do sintoma esteja associada com a persistência de infecção viral e/ou inflamação nos tecidos dessa região.
Para estudar essa fase, os pesquisadores selecionaram 4 pacientes que tiveram a COVID-19 e apresentavam anosmia de longa duração. Após uma análise de swab da nasofaringe, não foi detectado RNA viral por RT-qPCR nesses pacientes. No entanto, todos esses pacientes possuíam quantidades detectáveis de RNA do SARS-CoV-2 em amostras de células da mucosa olfatória, e alguns desses pacientes possuíam quantidades relativamente altas de RNA genômico na mucosa olfatória. Nesses indivíduos avaliados também foram identificados níveis elevados de marcadores inflamatórios na mucosa olfatória.
Com esses dados, os cientistas sugerem que o neuroepitélio olfatório de pacientes com anosmia de longa duração permanece infectado pelo RNA do SARS-CoV-2, e consequentemente, o processo inflamatório também se mantém. Portanto, foi proposto pelos pesquisadores que a perda de olfato de longa duração associada à COVID-19 é resultado da inflamação causada pela infecção persistente.
REFERÊNCIAS: 1. Dias de Melo, et al. COVID-19 related anosmia is associated with viral persistence and inflammation in human olfactory epithelium and brain infection in hamsters. Sci. Transl. Med., 2021. 2. Cantuti-Castelvetri, et al. Neuropilin-1 facilitates SARS-CoV-2 cell entry and infectivity. Science, 2020. 3. Ramani, et al. SARS-CoV-2 targets neurons of 3D human brain organoids. EMBO J, 2020. 4. Matschke, et al. Neuropathology of patients with COVID-19 in Germany: A post-mortem case series. Lancet Neurol., 2020.