Uma pergunta que ainda continua sem resposta para os cientistas é a seguinte: quanto tempo dura a imunidade dos indivíduos expostos ao SARS-CoV-2? Por quanto tempo essas pessoas ainda produzirão anticorpos neutralizadores contra o vírus da COVID-19?
Responder essa questão tornou-se ainda mais complicado com o surgimento das variantes de atenção pelo mundo, que podem "escapar" dessa imunidade adquirida, podendo provocar novas ondas da doença.
Uma pesquisa realizada pela equipe de Jesse Bloom, da Universidade de Washington - EUA, pressupõe que a resposta para essa pergunta pode depender de como a pessoa entrou em contato com o vírus, se foi através da imunidade adquirida pela infecção ou pela vacinação contra a COVID-19. As evidências dessa pesquisa apontam que os anticorpos produzidos em resposta a uma vacina de RNAm conseguem neutralizar uma ampla variedade de variantes do SARS-CoV-2 que possuam mutação na proteína spike, enquanto que os anticorpos produzidos após a infecção, não conseguem.
Esses resultados sugerem que a imunidade adquirida pelas pessoas pode variar um diferentes níveis de proteção, inclusive contra as variantes de atenção. E o mais importante: Os resultados dessa pesquisa somam-se às demais evidências de que pacientes recuperados da COVID-19 ainda se beneficiariam com a vacinação.
A equipe de Bloom já demonstrou em estudos anteriores que o receptor binding domain (RBD), uma região específica da proteína spike onde o SARS-CoV-2 se liga, é um importante alvo para a imunidade adquirida naturalmente ou através das vacinas. Em um estudo mais recente, publicado em junho/2021, Bloom e colaboradores estudaram o RBD e suas inúmeras variações, para entender como os anticorpos acertam esse alvo, e se a forma como esses anticorpos foram adquiridos pode influenciar no reconhecimento desse sítio RBD.
Eles coletaram amostras de pacientes vacinados com duas doses da vacina de RNAm da Moderna e de indivíduos não-vacinados que se recuperaram da COVID-19. Enquanto aos resultados, eles encontraram diversas diferenças entre os anticorpos dos indivíduos vacinados e não-vacinados. Especialmente, os anticorpos produzidos pela vacina eram mais específicos para o domínio RBD do que os anticorpos adquiridos pela infecção. Outro detalhe importante, os anticorpos desenvolvidos através da vacinação conseguem se ligar a diferentes porções do domínio RBD, enquanto que aqueles adquiridos através da infecção, não.
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