A qualidade do sono na meia idade

A qualidade do sono na meia idade

04 de maio de 2021

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Na meia idade, entre 50 e 60 anos, pessoas que dormem 6 horas ou menos por noite, são mais prováveis de desenvolverem demência na velhice.
Estudos como esse apenas reforçam a importância de uma boa qualidade do sono.

Sono na meia idade

Um estudo publicado na revista Nature Communications em 20 de abril de 2021, explorou a relação entre a qualidade do sono e a incidência de demência. Já é sabido que, tanto na doença de Alzheimer quanto em outros tipos de demências e doenças neurodegenerativas, ocorrem alterações no padrão do sono. Nessas doenças, devido a alterações cerebrais que afetam o circuito do sono, os pacientes podem acordar diversas vezes durante a noite e encontrar dificuldades para retornar a dormir.
Alterações do padrão do sono, seja dormindo mais ou menos do que o necessário, podem estar associadas ao desenvolvimento de demência mais tarde na vida. Os estudos que avaliam essa relação encontram bastante dificuldade em determinar se essas alterações de sono são reflexos dos sintomas da doença ou se realmente contribuem para a doença.
A maioria dos estudos que correlacionam demência com a qualidade do sono acompanham os pacientes por menos de uma década, e levam em consideração pessoas na faixa dos 65 anos. O estudo realizado pela equipe do Dr. Séverine Sabia do Inserm e da University of London avaliaram como os padrões do sono em fases precoces da vida podem afetar o início da demência décadas depois.
Foram aproximadamente 8 mil indivíduos avaliados nesse estudo, a partir dos 50 anos de idade. As avaliações começaram em 1985 e encerraram em 2016. Os participantes foram avaliados em uma ampla variedade de medidas, incluindo perguntas em seis ocasiões, entre 1985 e 2016, quantas horas eles dormiram por noite. Para garantir a acurácia das medidas, alguns participantes usaram medidores para medir precisamente as horas dormidas.
No decorrer do estudo, 521 participantes foram diagnosticados com demência, por volta dos 77 anos. Pelos dados colhidos na pesquisa, os pesquisadores perceberam que indivíduos entre 50 e 60 anos, que dormem 6 horas ou menos por noite, tem um risco maior para o desenvolvimento de demência anos mais tarde. Numa comparação com os indivíduos que dormiam pelo menos 7 horas por noite, as pessoas que dormiam menos tinham 30% mais chance de serem diagnosticadas com demência.
Além da quantidade de horas de sono, os pesquisadores também consideraram fatores como: tabagismo, atividade física, índice de massa corporal e co-morbidades (ex.: diabetes, doenças cardiovasculares), que também apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de demência. Além disso, os participantes diagnosticados com depressão foram separados do estudo, por se tratar de uma condição de saúde bastante relacionada com a qualidade do sono.
Os dados desse estudo sugerem que poucas horas de sono durante fases da meia idade podem aumentar o risco do desenvolvimento de demência anos mais tarde. Mais pesquisas são necessárias para compreender efetivamente essa relação e identificar os mecanismos e vias neuronais envolvidas.
Fato é que: uma boa noite de sono é de extrema importância para a boa saúde do cérebro. Além disso, a qualidade do sono é um importante fator em processos de concentração, aprendizagem e memória, bem como influencia no estados de humor e saúde geral.
REFERÊNCIAS: 1. SABIA, S., et al. Association of sleep duration in middle and old age with incidence of dementia. Nature Communications, 20 de abril de 2021. 2. BRYANT, E. Lack of sleep in middle age may increase dementia risk. NIH Research Matters, 27 de abril 2021.

Marissa G. Schamne
Marissa G. Schamne
PhD | Cientista

Pesquisadora e professora universitária, farmacêutica por formação. Despertou o interesse pela pesquisa durante a faculdade na Iniciação Científica, que obviamente foi na área da neuropsicofarmacologia. Concluída a graduação, segue o caminho da carreira acadêmica e pesquisa até a co-fundação do Rigor Científico – onde encontrou uma maneira de expressar todo seu amor pela Ciência, e vislumbra a possibilidade de levar essas informações ao maior número possível de pessoas. Era uma pessoa tímida que conforme foi se inserindo no meio acadêmico encontrou uma forma de libertar-se dessa timidez, e agora matraqueia sem parar. Apaixonada pela natureza, esportes ao ar livre e a sensação de liberdade que isso traz. Gosta de viajar pelo mundo, seja através dos livros que lê ou das viagens que faz. Almeja alçar vôos mais altos divulgando ciência por aí.

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