Popularização da ciência nas redes sociais

Popularização da ciência nas redes sociais

06 de setembro de 2021

“EU FAÇO UMA ESPONJA QUE SERVE PARA LIMPAR O MAR QUANDO ESTIVER SUJO DE ÓLEO”.
Essa foi uma manchete de divulgação da minha pesquisa de doutorado em um post no INSTAGRAM. O estudo, ainda em andamento, consiste no desenvolvimento de um polímero de baixo custo e com a capacidade de sorver hidrocarbonetos. O desafio na postagem era divulgar um trabalho científico como se estivesse explicando, por exemplo, para sua avó ou para seu irmão de 10 anos. Ou seja, propagar seu estudo para um público não especializado ou que atue fora do seu campo de pesquisa.
A ideia da postagem foi tão bem aceita, que além do crescente compartilhamento, gerou-se uma participação ativa nos comentários utilizando os mesmos critérios e evidenciando a diversidade de temas dentre as pesquisas científicas dos próprios seguidores. Foi de extrema satisfação ter essa troca de conhecimento, de poder ler manchetes de diversos trabalhos em diferentes níveis e áreas de estudo, inclusive tendo a oportunidade de obter parcerias e colaborações. Tudo isso a partir de uma simples postagem numa rede social.

Ciência nas redes

As redes sociais se mostram um instrumento de grande valia para a popularização científica, visto ser um ambiente virtual ágil e com intenso volume de informações. Para se ter uma ideia, o Brasil ocupa o terceiro lugar mundial no ranking de populações que passam mais tempo em redes sociais, com uma média diária de 3 horas e 42 minutos, atrás apenas da Colômbia (3h45) e das Filipinas (4h12). A média mundial é de 2 horas e 25 minutos de uso [1].
No entanto, mesmo destinando um bom tempo para as redes sociais, apenas 39% dos brasileiros declaram buscar “frequentemente” ou “às vezes” informações sobre ciência por meio desse recurso. É o que aponta a pesquisa de percepção pública de Ciência e Tecnologia (C&T) Brasil 2019, divulgada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) [2].

A maioria dos brasileiros gosta de ciência

Segundo a pesquisa CGEE, 62% dos brasileiros possuem interesse em temas de ciência e tecnologia. Em comparação com pesquisas anteriores, reafirmou-se o interesse dos brasileiros por temas de C&T e a elevada confiança na ciência e nos cientistas, mas também mostrou a permanência de um escasso acesso à informação científica.
Os resultados apontam que 90% dos brasileiros não se lembram ou não sabem apontar um cientista do país; e 88% não se lembram ou não sabem indicar uma instituição do setor. Até mesmo as universidades foram pouco citadas [2]. Todavia, é perceptível o crescimento da divulgação científica nas redes sociais, através de canais e páginas de jornalistas, professores, cientistas, grupos de pesquisa, estudantes, dentre outros, trazendo informações relevantes e curiosidades dentro do meio científico, gerando conhecimento.
Algo a se destacar é que tornar a ciência mais popular e acessível, utilizando-se como base a divulgação científica, contribui diretamente no combate às fake news. Eu também faço parte desse meio on-line e a cada dia aprendo e me identifico mais, falando de química de um modo simples e divertido. Vamos entrar nessa vibe também? Agora me diga: como você explicaria a sua pesquisa para sua avó ou para seu irmãozinho de 10 anos?
Referências: 1. Digital 2021 - We Are Social. Disponível em: <https://wearesocial.com/digital-2021>. Acesso em: 21 ago. 2021. 2. CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS - CGEE. Percepção pública da C&T no Brasil – 2019. Resumo executivo. Brasília, DF: 2019.

Fabrício Siqueira Queiroz
Fabrício Siqueira Queiroz

Doutorando e Mestre em Química pela Universidade Federal do Ceará
Atualmente fazendo doutorado na UFC
Divulgador Científico - @doutorquimica

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